terça-feira, 5 de outubro de 2010

            A título de curiosidade: Estou escrevendo um livro (aliás, estou odiando e revisando e remoendo um livro já escrito) e o trecho que segue é o primeiro parágrafo do meu projeto. Aviso: O pedaço, obviamente, está relacionado à continuação do texto, entretanto o livro é um romance e não uma reunião de filosofias de boteco, ao contrário do que a introdução poderia indicar.

           A vida insossa nos oferece a tentação de um néctar mortal, do qual tendemos a beber com voracidade até cairmos, inertes, sobre o prato da longevidade. Ou então, dispensamos o doce, o embriagante, e engolimos em pequenos bocados a ração triste da qual dispomos, até que ela se exaura junto com a nossa irrelevância. Envenenar-se é tão essencial quanto nutrir-se, pois o prazer de viver é o nosso cianureto disfarçado de vinho. Matar-se contidamente, então, é a chave da plenitude humana. Equilíbrio. Eis o desafio.

           (Continua. Ou não)

5 comentários:

  1. Não sei do que valeria minha opinião, mas... enfim, parece que começa pelo meio, bem, já que não está inteiro.
    Envenenar - gosto muito deste verbo.

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  2. Lucia obrigado pela visita.
    sobre o possível livro, pela prosa, pela poesia, por tudo o que aqui as palavras mostram em capítulos, trechos, sonetos ou haikais a resposta já existe e só depende da escritora.

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  3. Incrível. Apesar dos comentários acima estarem pedindo uma continuação, eu sou a favor do provocar. Provocar a ânsia de mais no leitor, e assim, deixá-lo pensar.
    Esse trecho esta maravilhoso do jeito que esta, parabéns (:

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  4. Maravilhoso, simplesmente, como de costume :)

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  5. Continue, por favor. Já tem o meu apoio. E quando publicá-lo, se precisar, eu divulgarei no meu blog.

    Abraços.

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