terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tornar logo sem cor minha face
Sem traço de agonia ou arrependimento
Pintada no vazio do último enlace
Eis o sonho covarde que alimento

Sinto o peso da morte em minha cama
Sinto as garras do nada no meu leito
Sufocando o futuro ela me chama
Pede que eu seja só sua e cedo aceito

Sem horror, sem paixão, digo-lhe: "Sim,
Acabe para sempre com meus dias
Pouco importa o retrato do meu fim."

A autora das piores vilanias
Que piada! Pusilânime desfeita:
Do veneno há de ser noiva perfeita.

2 comentários:

  1. Vamos lá.
    gosto muito de analisar poemas assim, não que seja o tema de minha preferência rsrss... sarcasmos à parte, existe, talvez hoje, algo de "alegórico" em falar de morte, em muitos aspectos o assunto é abordado com um ar romântico, não que isso seja ruim.
    Acho, melhor, presumo que a total falta de racionalidade da nossa geração seja o reflexo de uma onda, e essa onda cresce a cada dia, um de seus nomes é "Por quê?" ou "Sei lá".. rsrss

    a nível de encantamento teu soneto está ótimo, penso nele como o poema que é, queria saber qual a importância que você dá a seus textos. Vejo aí também certa influência simbolista, mas em nada isso influi, talvez, a verdadeira influência dos verdadeiros poetas é somente a verdade e tudo o que é contrário à ela.

    falei demais e quase não disse...

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