segunda-feira, 16 de agosto de 2010

- Pare quieto!
- Eu sou você.
- Não.
- Sim.
- Vá embora que eu quero dormir.
- Você só dorme quando eu deixar.
- Deixa?
- Não.
- Cadê seu rosto?
- Aqui, no seu. Este ricto irônico, viu?
- Os olhos secos...
- Também. Consegue chorar? Nunca mais, digo. Nunca mais.
- Você é um sádico.
- Um visionário. Juro. Bebemos um Porto?
- Brindamos a que?
- Ao próprio!
- Um para mim.
- O outro, para você também.
- Tim-tim.
- Vida longa aos parvos...
- Que o pouco que tive já foi comprido demais.
- Cale-se. As paredes têm ouvidos, não deixe que escutem seu discurso de animal ferido.
- Por quem você sente?
- Que disse?
- Por que você mente?
- Você quer ouvir. E acreditar.
- Quiçá um sonho?
- Agora, não. De manhã, haverá sido. Cansada?
- De forma alguma.
- Pois então, deixo-a sozinha.

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