quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

            Não consigo mais parar para pensar no que deveria. Queria morrer uns tempos e voltar reparada. Aquela morte de acidente, em que a cabeça não é achada e se deteriora com a ação da natureza. O resto vai para o forno. Tudo muito bem higiênico.
            Fantasiar a morte denota um devaneio de grandeza, diria Freud. Não sei, li Freud meio por cima. Mas talvez seja verdade – estou me sentindo meio pequena. Como aqueles que se supõem incapazes de evoluir. Como quem encontra A Grande Conclusão (não há conclusões), como um niilista de boteco. Talvez seja porque perdi o imediato. Porque esteja vivendo só de passado e futuro. Vivendo em stand by.
            Vejo a lua da janela do meu quarto. Poderia ser romântico e bobo se você estivesse aqui. Ou quem sabe não estivéssemos nem um pouquinho interessados em ver a lua. Quem sabe? Quem sabe a minha mesquinhez não seja sonhar com você como uma adolescente, meu querido. Muito mais provável é que minha mania de negação tenha-me tornado tão petulante. E a minha mania de transgredir seja precursora de todos os meus conflitos, da vontade que tenho de lhe dizer o que não posso.  

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